Conservação Marinha

   Com o sucesso dos filmes “Procurando Nemo” e “Procurando Dory” era esperado que houvesse um aumento na conscientização a respeito da preservação do ambiente marinho, entretanto, o efeito contrário foi provocado por estes mesmos filmes.

Peixinha Dory, coadjuvante e personagem principal das animações comentadas neste post.

  A premissa do filme Procurando Nemo é demonstrar como um animal reage ao ser retirado de seu habitat natural. O protagonista Nemo ao ser levado para um aquário busca de todas as maneiras retornar ao mar, enquanto seu pai, Marlin, e sua nova amiga Dory, cruzam o oceano atrás do filhote

    Se por um lado a animação demonstrou a forte ligação entre o pai e seu filho, o impacto da retirada de animais para o ambiente não foi muito explorado. Como por exemplo podemos citar o mutualismo existente entre os peixes-palhaços e anêmonas-do-mar; ao passo que os peixes se beneficiam da proteção oferecida pelas anêmonas, estas recebem a defesas contra outros vertebrados que podem devorá-las. Relações como esta não são demonstradas nos filmes, entretanto podem ser estudas e trabalhadas em salas de aula, favorecendo a compreensão de alunos sobre o ecossistema marinho.

   As animações quando são lançadas geralmente, quando fazem sucesso, acabam por repercutir em um “boom” de produtos derivados delas, e os filmes citados anteriormente não são uma exceção. Entretanto, os “produtos” mais consumidos pelos espectadores dos filme “Procurando Nemo” e “Procurando Dory” podem resultar na extinção das espécies protagonistas deste. Desde o ano que foi lançado no ano de 2003, a repercussão do filme do Nemo resultou em uma retirada de mais de 1 milhão de peixes-palhaço do ambiente marinho, para a venda em aquários; isto foi um aumento de 40% do que ocorria até então. A Foundation Nemo ou Save Nemocom dados alarmantes como o anterior tenta conscientizar a população sobre a necessidade de preservar tais peixes e consequentemente, o ecossistema marinho. Segundo a mesma organização, a espécie da peixinha Dory, que é popularmente chamada de Cirurgião-paleta ou Tang-azul, por não conseguir se reproduzir em cativeiro, obriga a sua pesca no habitat natural para assim, conseguir vender estes peixes, criando desta maneira, um risco eminente para todo o ecossistema.

Imagem veiculada nas redes sociais com as informações da organização Save Nemo.

   Apesar de diferenças existirem, o filme Procurando Dory não possui também uma mensagem clara a respeito da preservação destes animais. Se por um lado o primeiro filme mostrava o filhote sendo levado para um aquário particular, a sequência leva as personagens para um Instituto de Preservação Marinha, no qual animais são reabilitados para serem soltos novamente no oceano. Contudo, alguns trechos do filme mostram que alguns peixes não retornarão para o mar e sim encaminhados para um aquário de maior porte. Fica claro desta maneira, que o ideal de preservação marinha existe, entretanto ele precisa ser melhor esclarecido principalmente para crianças e jovens.

   Os filmes também não exploram as outras espécies apresentadas neles, como por exemplos as tartarugas e o risco de extinção que estão correndo, seja pela pesca, seja pelo aquecimento global. O aquecimento global por elevar as temperaturas pode resultar em um desequilíbrio para estes organismos, já que o aumento da temperatura provocará um nascimento maior de tartarugas fêmeas. Isto irá ocorrer porque a temperatura influencia no sexo dos filhotes.

   Além do fato de que o aquecimento global é capaz de alterar toda a dinâmica existente no ambiente marinho, por conseguir alterar as correntes marinhas. Você pode ter maiores informações sobre aquecimento global nesse link.

 Se nas animações citadas acima a mensagem passada é sutil, no documentário Blackfish ela acaba por ser extremamente chocante. O documentário apresenta a relação das baleias orcas (usaremos o termo baleia por ser popularmente utilizado, entretanto está espécie pertence a família Delphinidae, a mesma dos golfinhos) do SeaWorld com seus treinadores e os acidentes que tem ocorrido neste local.

   O documentário aborda diversos pontos. O primeiro é a relação destas orcas com outros indivíduos da mesma espécie que vivem juntas no cativeiro. As orcas por serem mamíferos extremamente sociais, acabaram por desenvolver linguagens diferentes entre cada grupo. Desta maneira, quando animais de grupos distintos são agrupados, a dificuldade de comunicação e a necessidade de dominância entre elas, acabam por causar disputas entre os indivíduos, levando muitas vezes a ferimentos graves. 

   A alimentação das baleias também é alvo de críticas no filme, já que estes animais comem somente peixes congelados e com grande quantia de antibióticos, limitando desta maneira todo o gradiente de alimentos que tais mamíferos comeriam nos seus ambientes naturais. Outro ponto muito debatido no filme é a respeito da reprodução dos animais, no qual não é respeitado os limites dos próprios organismos. 

   A repercussão do documentário, principalmente nos Estados Unidos, levou a diminuição do número de visitantes aos parques do SeaWorld, acarretando na queda em 11% das ações da empresa no ano de 2015. Desta maneira, a administração do parque veio a público informando que as atividades do parque, como os shows com orcas, irão ser substituídos por atividades de conscientização ambiental; além de noticiar que a reprodução das espécies vivendo no parque deixaram de existir.

   Maiores informações podem ser vista na nossa Discussão sobre Conservação Marinha.

   Por João Pedro Broday

   Fonte

JACOBINA, A. M. S. (2000). Os Cetáceos, Brasília.

HARRISON, R. J. & King, J. E. 1965. MARINE MAMMALS. Hutchinson University Library, London.

KETTEN, D. R. STRUCTURE AND FUNCTION IN WHALE EARS, BIOACOUSTICS. The International Joum.al of Animal Sound and its Records, 1997.

DIAMOND, J. EVOLUTION, CONSEQUENCES AND FUTURE OF PLANT AND ANIMAL DOMESTICATION. Nature Journal, 2002. Disponível em <http://www.nature.com/nature/journal/v418/n6898/full/nature01019.html&gt;. Acesso em: 5 mar. 2015.

BATT, E. Op-Ed: LORO PARQUE IN TENERIFE WELCOMES SECOND BABY ORCA REJECTED BY MOM. Enviroment, 2012. Disponível em: <http://www.digitaljournal.com/article/331012&gt;. Acesso em: 26 mar. 2015.

CARRERA, I. SEAWORLD, “BLACKFISH” E O DEBATE SOBRE ANIMAIS EM CATIVEIRO. 2014. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/10/bseaworldb-e-o-debate-sobre-banimais-em-cativeirob.httm&gt;. Acesso em: 05 mar. 2015.

ABUSOS COM ORCAS PELO SEAWORLD SÃO DIVULGADOS POR EX-TREINADORES. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://tempodefundo.blogspot.com.br/2011/03/abusos-com-orcas-pelo-seaworld-sao.html&gt;. Acesso em: 05 marc. 2015.

A BIOLOGIA MARINHA. AS AMEAÇAS NATURAIS E AS AMEAÇAS DO HOMEM PARA A TARTARUGA MARINHA. 2012. Disponível em <http:// abiologiamarinha.blogspot.com.br/2012/01/asameacas-naturais-e-as-ameacas-do_18.html&gt;

PARQUE AQUÁTICO SEAWORLD DIZ QUE NÃO VAI MAIS CRIAR ORCAS EM CATIVEIRO. Disponível em <http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/03/parque-aquatico-seaworld-diz-que-nao-vai-mais-criar-orcas-em-cativeiro.html > Acesso em 7 jul. 2016.

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SAVING NEMO. Disponível em <http://www.savingnemo.org/ > Acesso em 7 jul. 2016.

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